O desenvolvimento sustentável frente a agenda diplomática

ABRIG: Deputado Paulo Ganime, tendo em vista as movimentações internacionais em torno de uma postura de maior proatividade nas discussões sobre o desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e meio-ambiente, como o senhor entende o papel do Brasil como player internacional nesta temática e quais são os assuntos prioritários que devemos ter em nossa agenda diplomática?


PAULO GANIME: O Brasil dispõe de aproximadamente 20% da biodiversidade mundial e tem grande potencial para se tornar uma liderança na pauta da Bioeconomia, que é um dos temas prioritários, a meu ver, para o desenvolvimento sustentável do país, visto que une meio ambiente, sociedade e economia. Com isso, é fundamental termos uma estratégia diplomática capaz de tornar perceptível o tratamento do tema de forma responsável para o país e de trazer relevância à participação em discussões internacionais importantes como a dos termos do Protocolo de Nagoia.


ABRIG: Trazendo a discussão ao nível político interno de nosso país, com base nas grandes diferenças regionais, sociais e de vocações/atividades econômicas presentes no território nacional, como o senhor entende ser papel do Poder Público para tratar da sustentabilidade como fator de desenvolvimento, isto é, como ferramenta para diminuir com as desigualdades e promover o bem-estar da população brasileira? E o papel do mercado e da sociedade civil?


PAULO GANIME: Além da estratégia diplomática, o país também precisa trabalhar em uma estratégia nacional para garantir a infraestrutura necessária ao desenvolvimento da Bioeconomia através da digitalização do país, da construção de malha de transporte nacional integrada e da atuação em temas sensíveis como a regularização fundiária, mas, que nos permitirão saber a quem responsabilizar por trato irresponsável dos recursos naturais brasileiros. Outros temas prioritários são os que dizem respeito a uma maior diversificação energética com a abertura de mercado que tornará mais interessante o investimento em energias renováveis. A aprovação da lei do gás propicia o crescimento de mais uma fonte de menor impacto ambiental. Agora, é preciso avançar também em outras pautas de energia como a abertura do mercado elétrico, pautando o PL nº 414 aqui na Câmara e a criação de um ambiente propício para o desenvolvimento de startups do setor com a aprovação do Marco das Startups, já pronto para pauta e que dará condições para que empresas inovadoras surjam e sejam atuantes em temas como carros elétricos e hidrogênio verde.


ABRIG: Podemos concluir que, ao longo das últimas décadas, o debate sobre sustentabilidade tem amadurecido a passos largos. Nos dias de hoje, dificilmente encontraremos um grande grupo empresarial multinacional sem uma estratégia ESG (Environmental, Social, and Governance) bem definida; cada vez mais, o mercado vem buscando uma maior interlocução com o Poder Público, destacando-se, assim, a importância do profissional de relações governamentais. Nesse sentido, como o senhor observa essa tendência de cooperação e de agendas conjuntas entre os setores público e privado?


PAULO GANIME: É verdade e foi justamente com esse sentimento que criamos a Frente Parlamentar Mista pela Inovação na Bioeconomia. O trabalho da Frente Parlamentar tem sido rumo a uma estratégia nacional com um trabalho conjunto dos parlamentares com diversos ministérios, associações e agências relacionados ao assunto. O trabalho de relações governamentais, tanto das associações quanto de nossos próprios gabinetes, nos ajuda a costurar soluções que propiciam uma visão de como cada decisão influencia no trabalho e no dia a dia dos grupos impactados pelas nossas decisões.


Entrevista com o deputado Paulo Ganime. 


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  


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