A indústria verde no Brasil e a riqueza do benefício

ABRIG: O Banco do Brasil incorpora a sustentabilidade em sua estratégia e adota diretrizes para a promoção de uma economia verde. Como isso tem impactado os negócios do banco?


JOÃO RABELO: Desde a criação da Fundação Banco do Brasil, em 1985, temos um compromisso com a sustentabilidade. Somos orientados por uma Política de Responsabilidade Socioambiental, aderimos a diversos pactos e compromissos voluntários e temos um Plano de Sustentabilidade (Agenda 30 BB) desde 2005, instrumento fomentador das nossas práticas em sustentabilidade e que tem, como característica, o engajamento de lideranças com o tema, o que influencia de forma transversal nossa estratégia e nossos negócios. 

ABRIG: O BB tem uma preocupação com a transição de uma economia de alto impacto para uma economia verde, de baixo carbono e inclusiva. Esse é o futuro da gestão de ativos? Quais exemplos vocês podem citar?


JOÃO RABELO: Sim, por isso, contribuímos para que investidores direcionem recursos para companhias que entreguem externalidades socioambientais positivas. Assim, um dos nossos compromissos a longo prazo, em sustentabilidade, é o de atingir saldo de R$ 20 bilhões em Fundos ASG até 2025 e realizar avaliação ASG em 100% de ativos aplicáveis sob gestão por meio da BB DTVM até 2022. Além disso, iremos originar R$ 30 bilhões em recursos sustentáveis para o BB e para os clientes do Banco até 2030. 


Recentemente, estruturamos nosso modelo de finanças sustentáveis, que permite ao Banco acessar o mercado de títulos de dívida sustentáveis. Para isso, levamos em conta: diversidade na composição do conselho, quantidade de energia renovável utilizada pela instituição e metas de sustentabilidade para os próximos anos.


ABRIG: A mudança climática é algo latente e emergencial - como analisar oportunidades de negócios que promovem baixo impacto, e que oferecem oportunidades para combater os problemas ambientais?


JOÃO RABELO: Consideramos as mudanças climáticas no planejamento de nossas ações e buscamos aproveitar as diferentes oportunidades de negócios para fomentar uma economia de baixo carbono. O financiamento da transição dos atuais modelos de produção para uma economia mais verde e inclusiva é um dos principais desafios enfrentados pela economia mundial. O BB entende a relevância do seu papel nesta jornada. Nesse sentido, destacamos o compromisso de auxiliar os clientes na transição para um portfólio mais sustentável, por meio do Fomento à Energia Renovável. 


ABRIG: A pandemia do coronavírus vai desencadear uma nova lógica nas cadeias globais de produção, sobretudo na área médica e farmacêutica. Qual será o impacto nas cadeias produtivas que fomentam a economia verde?


JOÃO RABELO: Diante das mudanças proporcionadas pela pandemia da Covid-19 e seus impactos nas cadeias produtivas, mantemos, em nosso relacionamento com os clientes, o foco em atender da melhor maneira suas demandas e necessidades, enfatizando o uso dos canais digitais como principal forma de atendimento.


Temos, como um dos nossos compromissos de longo prazo em sustentabilidade, o desafio de alcançar 17 milhões de clientes com alta maturidade digital até 2025.


ABRIG: É um desafio fomentar o desenvolvimento econômico em bases sustentáveis. É possível pensar em retomada econômica sustentável diante das dificuldades impostas pela pandemia? Quais oportunidades e desafios vocês enxergam para a economia brasileira quanto ao Green New Deal?


JOÃO RABELO: Exercemos papel transformador na sociedade por meio da oferta de crédito, fomentando o empreendedorismo e a produção sustentável. Em dezembro de 2020, nossa carteira de negócios sustentáveis, que compreende o montante das operações/linhas de crédito destinadas a financiar atividades e/ou segmentos que possuem impactos socioambientais positivos, apresentou um saldo de R$ 244,7 bilhões. 


Ela é composta por operações de crédito para os setores de energias renováveis, eficiência energética, construção, transporte e turismo sustentáveis, água, pesca, floresta, agricultura sustentável e gestão de resíduos.


ABRIG: O agro tem grande impacto na sustentabilidade, mas também é um agente protetor do meio ambiente. Como identificar nessa powerhouse do Brasil oportunidades de desenvolvimento sustentável?


JOÃO RABELO: Somos o principal banco do agronegócio do país, participando de 54,1% dos financiamentos. Apoiamos o produtor rural, buscando o aumento de produtividade conciliado às práticas de conservação de recursos naturais. Essa linha de atuação contribui para o cumprimento de compromissos internacionais perante as Nações Unidas no que concerne à questão climática e biodiversidade.


Para garantir plena observância das exigências legais quanto à regularidade socioambiental da área atendida pelo crédito rural concedido pelo Banco, contamos com processo automatizado de identificação dessas áreas, a partir de coordenadas geodésicas, evitando que sejam beneficiadas áreas com alguma irregularidade.     


Ainda, destacamos o papel do BB no apoio à agricultura sustentável: temos o compromisso de atingir um saldo de R$ 125 bilhões até 2025.


João Rabelo Júnior é vice-presidente de Agronegócios e Governo do Banco do Brasil. 


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  


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