17 Mai 2022
O fundador e CEO da Inteligov, Raphael Caldas, em entrevista exclusiva à Abrig, dissertou sobre a importância do uso de Inteligência Artificial no monitoramento de dados governamentais e projetos legislativos. Ele discorreu, ainda, sobre como a adoção de tais ferramentas auxiliam os profissionais de RIG a acompanharem as proposições de seus interesses na elaboração de políticas públicas e como a automatização desse processo propicia melhores resultados.
Confira a entrevista abaixo:
ABRIG: Como o gerenciamento de dados governamentais impacta a atuação dos profissionais de Relações Institucionais e Governamentais (RIG)?
RAPHAEL CALDAS: A atuação do profissional de RIG está, fundamentalmente, ancorada na prática da defesa de interesses, cujo resultado se dá por meio da influência sobre políticas vigentes ou na construção de políticas que visem beneficiar o grupo ao qual representa. Para isso, é preciso monitorar um volume significativo de informações, bem como criar estratégias de atuação junto a diversos stakeholders. Nesse sentido, as ferramentas de monitoramento inteligente que auxiliam na gestão de dados governamentais surgem como importantes instrumentos para aumentar a velocidade, eficácia e, consequentemente, o potencial de geração de resultados para a organização. Diferentemente do gerenciamento manual, a automação somada a uma interface fácil de utilizar permite que as equipes concentrem seus esforços em entregas de valor e, com isso, possam estar mais preparadas para elaborar suas estratégias para a defesa de interesses. Fomos pioneiros no desenvolvimento do monitoramento legislativo automatizado e, oferecendo soluções de alta performance desde 2014, temos verificado ganhos significativos. Com um forte investimento no desenvolvimento de robôs e análise de dados, detectamos que nossos clientes cadastram, em média, 776,5 temas para acompanhar diariamente, reduzindo em 13 horas o tempo gasto com monitoramento proativo — o que equivale ao trabalho de cerca de dois profissionais.
ABRIG: A inteligência artificial é fundamental na transparência das ações governamentais. Como ela tem contribuído para maior participação social na elaboração de políticas públicas?
RAPHAEL CALDAS: A extrema popularidade da Inteligência Artificial (IA) atualmente se dá pelos avanços acadêmicos e tecnológicos conquistados ao longo do tempo e pela demanda crescente de respostas cada vez mais rápidas e eficientes pelas empresas e pelos negócios. Nesse sentido, vale ressaltar que outros conceitos que dialogam com a Inteligência Artificial, como é o caso de Machine Learning – ou Aprendizado da Máquina, em tradução livre – são vitais para o aperfeiçoamento das tecnologias e para a obtenção de melhores resultados. Sendo assim, a partir de soluções utilizando a IA, é possível facilitar o entendimento e a atuação sobre partes do processo de formulação de políticas públicas. As tecnologias cognitivas já estão tendo um impacto profundo no trabalho das relações com o governo. Aplicativos baseados em IA podem gerar informações a partir de grandes volumes de dados, reduzir atrasos na implementação, cortar custos, superar restrições de recursos, liberar trabalhadores de tarefas que podem ser automatizadas, melhorar a precisão das projeções e injetar inteligência em processos. Nesse campo, a título de exemplo, a Inteligência Artificial está sendo usada para prever a possibilidade de aprovação de projetos de lei em tramitação no legislativo brasileiro.
A solução que desenvolvemos, com uma base de dados de mais de 3 milhões de proposições, é o Termômetro Inteligov, algoritmo que analisa continuamente a tramitação dos projetos nas casas legislativas para traçar padrões sobre a possibilidade de aprovação ou rejeição. Com essa informação, os usuários passam a ter dados que indicam a tendência de aprovação de um projeto e podem calibrar suas estratégias baseadas nesses conhecimentos. Há poucos dias, por exemplo, vimos a aprovação pelo Senado do projeto de lei dos criptoativos, tendência sinalizada aos nossos clientes por meio do Termômetro ainda em 2021. Antevendo a aprovação de um determinado projeto e adequando sua estratégia com base nisso, organizações podem aproveitar oportunidades muitas vezes ocultas para outros players. Para o mercado, é possível desenvolver mais soluções que aproveitem o grande volume de dados gerados pelos órgãos governamentais e casas legislativas, garantindo a auditabilidade, a segurança jurídica e a capacidade de fiscalização, tanto para os cidadãos quanto para as empresas. A detecção de outliers aplicada às despesas públicas, por exemplo, é uma boa aliada à identificação de possíveis desvios. Em outras áreas, como mídias sociais, é possível entender sobre o que e em que tom as pessoas estão falando sobre algum assunto.
Na Inteligov acompanhamos o Twitter para detectar essas tendências. Monitorando o termo "BNDES", por exemplo, detectamos um sentimento preponderantemente negativo, com o termo “Amazônia” em destaque, indicando possível impacto de matérias jornalísticas sobre o financiamento de máquinas agrícolas que poderiam estar sendo usadas para desmatamento. Em suma, prever tendências, entender processos e traçar caminhos de ação são aspectos essenciais do tipo de informação gerado pela tecnologia de Inteligência Artificial.
ABRIG: Fale um pouco sobre a importância da parceria entre a Inteligov e a Abrig. Quais os benefícios dessa parceria para os associados da Abrig?
RAPHAEL CALDAS: Pensando em oferecer aos associados a oportunidade de analisar o Termômetro das principais proposições que afetam a rotina do profissional de RIG, a Inteligov se juntou à Abrig para criar uma página exclusiva e gratuita para seus associados. Dando a uma máquina a capacidade de predizer a probabilidade de aprovação de um projeto, tendo como resultado um gráfico de probabilidades ao longo do tempo, o Termômetro da Inteligov gera grande vantagem estratégica, viabilizando foco e planejamento para os usuários, com informação confiável e gerada automaticamente, por meio da Inteligência Artificial. Na página da parceria Abrig e Inteligov, além do Termômetro de cada proposição, os associados poderão analisar o andamento das matérias legislativas que são monitoradas pela entidade e, assim, participar e sugerir estratégias de atuação.
